Nossos corpos moídos pelo fardo de um ano quase impossível
Nossa fé dançarina dos livros sagrados da nossa esperança
somos muito mais que carne e osso e sangue e suor e lágrimas
somos muito mais que os loucos berros de um febril desabafo
Este fardo às vezes (quase sempre) é maior do que suportamos
Mas lutamos e não será em vão as cicatrizes de nossas mágoas
Porque nossos corpos tornaram-se mais rígidos e mais resistentes
mas o coração mais terno, e mais dócil e humana a nossa alma
Não abaixaremos mais a cabeça por humilhação ou tristeza
Nem deslizaremos o olhar inseguro como réles derrotados
A humildade é o brasão tatuado em nosso peito
Os nossos erros e virtudes tantas mal compreendidos
Dividimos nossas culpas em nossos dons compartilhados
Já não mais importa o valor que nos derem (deram)
pois sabemos exatamente o que somos e quem fomos
no profundo mais profundo da nossa sã consciência
traz à tona o tom do mérito dos caminhos que vivemos
Depois de tanta luta o que temos a vos oferecer
é um corpo moído e uma alma eterna em capa dura
seja quem for que puder ou quiser ler
para além dos tempos que a ciência e a consciência permitir