segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Brailes libram sobre a madrugada

O corpo é a manhã do desespero
em claro noite o espelho lua
olhar desviando a encravada espada
verbo vil navalha da selva
espírito soprado boca adentro
esquinas jogadas vento a fora
decompõe sabedoria ou equilibra
na nudez da ampulheta assim quebrada
sangrando em paz suas janelas abertas
a inóspita razão que exila confusa
harmônico coração que o ruído concentra
a luz que ofusca o cinza em sonho
delírio eterno que a morte acorda
nó desatado que o amor transborda
teimosia transmutada em paciência oculta
simbologia sublime em cores surdas
para decifrar devora com lealdade
a imagem que o silêncio profundo transmite
o silêncio que tais imagens emitem
se couber na pobreza que a razão imita
na grande náusea que salva agora a sua perfeição
o corpo é mera lama das galáxias
um copo meio vazio quase invisível
vidro de areia suja e sagrada
paraíso que o ego enfim profana
limite estético traumático karma
e quando puder pagar tal densa sentença
que possas vislumbrar também
a imensa lava deste frágil iceberg