da solidão que rasga o peito quando não entendemos
os explícitos motivos dos caminhos que percorrem nossos passos
Amanhã não seremos mais os mesmos
nem daqui a pouco eu sei, ou talvez penso
que pode haver uma razão para tudo isso
para essa eternidade constante que habita cada segundo
Uma saudade enorme dos cheiros daquela juventude
em que a responsabilidade era vaga e desconhecida
quando os preços não nos doiam na cabeça
nossos medos de não ser suficiente apenas uma vida
para conquistar aqueles loucos solitários sonhos plenos
E quando desce amarga a lâmina das escolhas
levando toda a segurança para o espaço
enforcando a razão com mãos de gigante
há apenas aquilo que somos em essência
Mas um pouso de borboleta abre os olhos
como se fosse um gole à vida que atormenta
nossas veias vão pulsando insatisfeitas
martelos de diamante da rotina que arrebenta
brindando o intransponível muro da imaginação
de todas as vãs lamentações que pensam
pesam nas pálpebras de nossos sonhos arredios
brilham as espadas das irradiantes estrelas
Anos-luz atravessando o escuro espaço
nas solitárias explosões em nossos seios
passado distante de todos os futuros antes
liberdade contida condensada ao desprezo
instinto selvagem que aniquilamos moralmente
por todos os ópios óbvios pelo tempo
ignorando a dor essencial e latente
para enfraquecer os músculos do espírito
e redobrar os círculos dos passos do caminho
Eu sei, ah eu sei que certos sonhos são utópicos
mas como sentir sua textura nas mãos,
todas as cores dos cheiros da memória
tudo que em 26 anos foi imutável
o amor pelo que se pode aprender com um verso
fragmentos de canções como a verdade em cacos
mas se não vemos face a face o que temos
é a odisséia de reconstruir cada pedaço
desse épico que é o amor e a vida
e a possibilidade de transformar e compartilhar palavras
que voam eternas além do vento e dos tempos
Escrito ao som de Wilco / Impossible Germany http://sharebee.com/c1679f87
Foto adaptada do site: http://www.flickr.com/photos/fabio_dsp/2891232392/ |