quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Cordel da Hamornia Amiga

Notas são as sílabas que nos clareiam
timbres são cores que nos floreiam
em melódicas frases que se entrelaçam
somos os instrumentos dos nossos laços e destinos

vibramos os ricos acordes que nos merecem
dissolvendo os males em mares que se acalmam
marés de ventos tempestuosos que se calam

Nossos livros são as mais sagradas sinfonias

e os nossos grandes amigos os pássaros mais raros
traduzimos canções de nossas longas conversas
em harmônicas dissonâncias que cantam e se afagam
multiplicam-se linguagens nas mais belas palavras
e interagem nossos verbos em vocabulário

vozes que ecoam em coros dentro de nossos corações
florestas de orquestras em nossas pequenas festas

Conquistas compartilhadas em encontros fraternos
abraços sinceros que arqueiam altos muros
intimidade confiada e protegida a sete espadas
recíproca paciência ritmando a doce cadência
de um carinho que vai muito além de um poema

de uma ciência que vai muito além de uma música
na alquimia espiritual que nem a prática
e nem a experiência explica
confusa aliteração em que meu vício abusa


Virtuosa imperfeição que afinam nossas afinidades
infinidades de sonhos que compomos em nossas vidas
família escolhida a dedos por anjos caídos

estes dedos que enxugam que acalmam e transformam
lágrimas amargas em suaves e doces sorrisos
ah! Que triste é a alma que ainda não reconheceu
o imenso valor da melódica ópera que é a vida

e que triste é a alma que ainda não descobriu
o imenso valor da mais bela obra de arte
que é ter e poder ser um grande amigo


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Olímpicas Esperanças

A última esperança
é a primeira certeza
de que enquanto houver a vida
também haverá beleza

Homens que constroem traços e esboços,
rascunhos amarelados
que dissolvem-se no tempo
constroem laços que transpassam
estéticas, artefatos, palavras,
prédios cada vez mais altos,
mas ainda nada tão espantoso
quanto a arquitetura de uma borboleta
quanto a liberdade de uma libélula

A razão às vezes também é um ópio
que nos cega os olhares mais óbvios
olhos que podem ouvir estrelas
olhos que degustam doces e salgados
sorrisos e lágrimas, dores amargas,
olhos que sonham que brotam milagres
nos sinais quase imperceptíveis em anjos
de vozes suaves

Brilha azul mente sem lembranças
mente à mente que completamente senta
que assenta e sente o rítmo improvisado
da dança em que o erro é parte integrante
dança dos dias que nos movem em tangos
notas dos ventos que nos cantam encantos
enquanto novas dúvidas caem pelos cantos
e as velhas dívidas de amor se desfazem

Virgem que bebe nas águas da fonte
onde incrédula a certeza nasce
e incertos dançamos no olimpo
dos nossos sonhos mortos
mas ainda assim jamais desperdiçados

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Sóis Sois Ecos de Infinitos Is

Quero ter alguma coisa meio assim
numa tarde de um carnaval sem fim
sussurrar canções e em seus lábios ouvir
melodias de silêncio por um triz

Som das pétalas de uma flor de lis
conquistar o brilho de olhos sutis
escrever poemas que façam sorrir
a certeza de fazer o amor feliz

A surpresa que faz a razão sentir
rimas fáceis, doces, tortas, calafrios
dissonâncias que provocam arrepios
pudins feitos por Arcanjos, Serafins

Quero mais do que palavras, quero agir
nota do tempo que dedicou à mim
grãos de açúcar que tento retribuir
toda mágica do tempo que aprendi
à espera desse lindo amor feliz

Quero a dança ritmada dos quadris
bailarinas soltas em azul anil
musicar a vida que eu possa esculpir
entender o que o coração nos diz

A esperança é o que me trouxe até aqui
como uma grande vela a consumir
que me aquece e ilumina o que eu pedi
um leve perfume de uma flor jasmim

e os seus lábios coloridos de carmim
sua pele mais macia que cetim
brilho agudo de uma orquestra de clarins
a brancura dos seus olhos de marfim
cheios d'água como se fossem explodir
e me colorir de corais a florir

http://www.papeldeparede.etc.br/download-papel-de-parede_recife-de-corais_1280x960_1976.html

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Encara Colados

Enrolados em meus cachos eu lhe acho
encontrando em novos contos finos traços

seus dedos em meus braços e perfume que absorvo
me entorpeço e já não peço e nem penso
quantos medos que me fervem mas disfarço


Minha febre que aqueçe a sua pele
minha sede que me seca e me invade
minha fome que cantando satisfaço
a saudade mais saudável e suave

o bordado das estrelas em seus detalhes

O sorvete em um cálice me bebe
um poema livre já não mais me cala

liberdade de voar além das torres
e correr ao longe de intenções amargas
um sorriso de bebê que nos protege
palavras belas que transcendem a fala

Cada grão de areia de nossas conversas
se convergem na ampulheta de além sonhos

nossa música mistura-se nas peças
novas brincadeiras que nós inventamos
profecias esclarecem nossos atos

apóstolos que apostam o nosso tempo
construímos dons sinceros decifrando

Cada verso que seu coração me inspira
na respiração que sinto de seus olhos
cada tijolinho que minha mão transpira
poesia que transborda além meus poros


Que Deus abençoe e leve a cada dia
lindo que amadureço ao seu lado

que proteja cada dom de nossas vidas
e dissipe sempre todo mal que façam
a si mesmos pois tão longe nós voamos

e os rumores vãos se destruindo fracos

Que se encontrem
e que se amem
e que se for sincero e divino
anjos digam
amém.


terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Pernas Curtas

Às vezes leio poemas de amores tortuosos, de almas que se debatem solitárias à procura de si mesmas, me lembro de frases tão simples que para mim há tempos faz tanto sentido:

"E mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira"


mas também não sou mais tão criança, a ponto de me impor verdades absolutas.

Me machuca a alma às vezes ler textos que me soam hipócritas, comentários de amizades ardilosas com terceiras, quartas, quintas intenções, perpetuando um vício de personalidade.

O "conhece a ti mesmo" é um conceito que ainda não faz sentido quando muitos ainda mentem para si mesmos. Tudo bem concordo contigo meu caro amigo, existem vícios piores, mas isso ainda não alivia o meu desgosto por esse vício especificamente.

Às vezes leva-se mais de dois anos para se enxergar algo que sempre esteve explícito para pessoas que não estavam do lado de dentro de uma situação, pois estar do lado de dentro muitas vezes é também estar cego.


Às vezes leva-se três anos, três meses, cinco anos, ou vinte e seis anos para se reconhecer ou melhor, lapidar o olhar e enxergar quem sempre esteve do seu lado e por seus olhos tortos não conseguiu enxergar antes.

Mas é só o tempo que pode dar tempo ao tempo, e toda verdade suave e naturalmente ultrapassa a mentira, que com suas pernas curtas tropeça a um metro da chegada, se enganando outra vez com a demagogia de tudo que queria ser, ainda não é, e que talvez precise descobrir se um dia Deus ainda quer que seja...

Sinceramente, acho que não, mas só Ele é o absoluto.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Boas E Mais Saudades

Ah que saudade boa
que vontade de viver inúmeras
e maravilhosas tardes como esta...

Lanternas de afogados sobrevoando a esperança
na pureza de um inocente coração que chega aos 18
que descobre a liberdade amadurecendo aos poucos
no vôo leve colorido de ousados balões mágicos
nos ombros dos anjos que rodeiam os passos e espaços

Cabelos secos me brilham e curam os fracos,
cortes feitos na alma, lembranças e carmas
tantas explicações budistas que trago
mantras em transes que afagam e acalmam

E acima do sol vou pintando as estrelas
com as verdades selvagens que me desabrocham
nestas novas cores nestas novas flores
dos sonhos que se materializam em doces cometas
linguagem que toca minha língua em versos suaves
completa, transborda, transcende o inexplicável
e nem no mais belo poema poderei congelá-lo

Incenso me cobre em nuvens tão densas
proteje-me e aquece me abrindo os caminhos
natureza me envolve e me ensina a beleza
meu rítmo eleva (leva) as vibrações que sinto
relativas certezas que absorvo e transmito

Ah quantas saudades mais
e não más vontades tão satisfeitas
a bondade acompanha corações heróicos
poemas amuletos feitos de palavras
minha oração verbais anjos da guarda
imperfeitas rimas subvertem conceitos
virtudes mundanas surpreso respeito
despidas de subterfúgios e máscaras

A saudade é um milagre que rasga o meu peito
minhas lágrimas de pobre moleque mimado
já disseram-me que é como um cais sem porto
longas tranças de cordas sob meus (h)arpejos
é como uma ilha que habita o meu corpo
solidão que há muito não mais me incomoda
não preciso do corpo nem copos de vento
aprendi a pintar polifonias harmônicas
não ancoro o espírito em tantos apegos
só preciso do timbre de um ímpar violino
virtudes que elevem os maduros desejos
conecto-me à alma grandiosa do mundo
o espírito sagrado me derrama o que escrevo
fonte inesgotável das nuvens que bebo

Ah que saudade boa
que vontade de viver inúmeras
e maravilhosas tardes como esta...
Maravilhosas tardes ao lado de mim mesmo!


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Acordes Sonâmbulos

Ambos dois sonâmbulos se acordam
como acordes que se esbarram e se encantam
entre os sonhos em pedaços de memórias

navegando um oceano inconsciente
amar aberto que trafega em nossas mentes

Amor psíquico doce fluxo incessante
palavras jorram para o alto e não ao vento
pesam as suavidades dos espíritos
nos caminhos onde os anjos nos levantam

e nos guiam lapidando dons sagrados
esculpindo nossas almas as nuvens claras

flutuando-nos acima das estrelas
ilumina e abençoa os corações
com os mais belos e mais nobres sentimentos
nossas mãos com as mais nobres atitudes
e nosso imenso barco agora segue em frente


Corre o fluxo de um reflexo perfeito
um pretérito bem mais que imperfeito
um perplexo ao tocar nas águas turvas

as imagens surreais se derretendo

Enfrentam a fonte dos sonhos mais lúcidos
de onde surgem as palavras que inventam?
Novos templos que buscam novas virtudes

natureza que dissipa um novo tempo...

A doçura da ternura embriagada
água pura, clara e quente que acalma
fraternos anjos brindam sábias almas
multiplicam-se e renovam-se nas asas
de uma imaginação febril e vasta


Acordai enquanto tantos outros dormem
aquarela novas cores nossos sonhos
novo sol na tempestade de uma gota
na magia de nossas boas escolhas
Faremos escolas sem tetos, sem paredes e sem pedras
à margem o curso subvertendo as regras
rimas que vazam sem razões que impedem

médicos, arquitetos, advogados e engenheiros
aprenderem o quanto podem ser poetas


Foto retirada do site: http://literaturaeriodejaneiro.blogspot.com/2009_07_01_archive.html

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Pássaro Raro

Um respeito imenso à natureza
e um gosto extravagante por matar pernilongos
minhas exceções vegetarianas
minhas verdes verdades não são absolutas
e às vezes me solto da gravidade
sem o medo de voar que ancora
mas como sempre volto ao chão pra perguntar:
-O som estava bom pra vocês também?
-Porque o estado em que estava era à Marte!

Dançando equilíbrio nas cordas de acordes
entre a medicina do medo
e a adrenalina da ansiedade e do entusiasmo,

porque será que eu sempre fecho os olhos
nos batuques dos fogos de artifício?
O rítmo me toca tão além das imagens,
protejo os tímpanos em (in) Constantina,
misturando o mais belo caos em meus ouvidos...

Meu corpo vibrando, sou frequência de átomos,

ressonância ancestral de irmãos antigos
vozes que se afunilam em meus dedos
magia que aquece corações amigos

recebo os convites por todos lados
de cores, de plásticos, de supermercados,

coleciono sorrisos, palavras cantadas sem escapatória,
piadas curtas que não cabem em minha memória,
melodias sinfônicas que guardo no peito
como se fossem o pássaro mais raro da história.

Atravesso errante os oceanos do mundo
e encontro os peixes voadores dos meus sonhos

saudade dilacerante me mergulha no silêncio
das férias solitárias em que eu feliz me encontro

pintando os quadros em tecidos guardados
exercíto o dom que ainda não foi me dado
lapidando o meu daltonismo
de dentro pra fora me exponho explícito
às almas do mundo que também dilaceram-me
ao desconhecido medo que me alimenta
às inspirações que ventam em minhas velas.


Meu barco é um poço que não me afunda

meu porto é um cais à minha espera
no calor do meu peito sou fogo,
no suor que escorro sou água,
no carbono que mastigo sou terra,
sou ares nos ventos em que respiro,
me ajoelho e me curvo ante a natureza
que me acolhe em seus braços
e desabrochando em poemas
me absorve e revela.